O sucesso astronômico (e muito disfarçado) da Pornografia
A pornografia é um fenômeno de audiência - em qualquer uma das suas formas, desde quando surgiu. Revistas, filmes, páginas da Internet... Em seus primeiros passos, mais discreta, claro, com uma conotação meramente insinuante. Mas levando o descaramento aos extremos no decorrer dos anos.
Embora essa ligação pareça um pouco distante, prostituição e pornografia têm tudo a ver uma com a outra. Do grego, “porno” significa “prostituta”, ou seja, a pornografia tinha a função de representar o trabalho das “mulheres antiquadas”. Porém, não precisa ir muito longe para notar a imensa curiosidade que imagens desse tipo causam nas pessoas. De antropológico, o conteúdo pornográfico passou a ter o mesmo valor do Kama Sutra: um catálogo de orientação.
A filosofia e a literatura estão cheios disso: De Sade a Bruna Surfistinha, a descrição do sexo chegou a níveis que deixariam os mais adúlteros amantes criados por Nelson Rodrigues com as bochechas vermelhas de vergonha. Porém, a literatura só traz a imagem na cabeça do leitor. O que eu vou tratar agora é das representações mais explícitas. Dos livros, falamos outro dia.
Um dos grandes símbolos da etapa mais “casta” da pornografia é a personagem dos desenhos Betty Boop. Ela vem com uma intenção bem disfarçada, nem chega a ser pornográfica. Em plena estréia no cinema, no filme Dizzi Dishes de 1930, a personagem exala sensualidade em diversos aspectos, desde o modelo dos vestidos (e sapatos, e lingerie, e jóias...) que usa, até a maneira de falar. A pin up se tornou famosa e de quebra ainda introduziu uma forma apaziguada de encarar a sensualidade, afinal, aquilo tudo era apenas um desenho...
Porém, a morena fatal, mesmo sendo apenas um desenho, sofreu diversas perseguições por parte do Comitê Moralizador ( ! ) dos Estados Unidos. A vestimenta da jovem passou por grandes modificações. Grandes mesmo: o decote desapareceu, trocado por uma gola até o pescoço, a saia bem mais comprida, quando não era uma calça. Mesmo assim, a roupa colada no corpo continuava demarcando muito bem todas as suas curvas.
Já outro símbolo foi uma mulher de carne e osso mesmo. Marilyn Monroe, que atuou em diversos filmes em Hollywood entre 1947 e 1962, quando veio a falecer devido a uma suposta overdose. Ela era sempre a loira fatal que mexia com a cabeça dos homens. Porém, a sensualidade de Marylin era quase sempre usada de maneira um tanto subjetiva. Por exemplo: em O pecado mora ao lado, de 1955 (aquele filme com a cena mais famosa da atriz – o vento levantando a saia do vestido branco enquanto ela tenta não deixar tudo à mostra), a loira chega a parecer uma ninfeta pra lá de inocente. O “adultério” que ela causa não passa de mornos selinhos em um homem casado e cheio de neuras.
Mas isso, na época, já serviu para torná-la um grande símbolo sexual. E ainda com um grande currículo: Marilyn carrega o título de ser a primeira “coelhinha” da revista Playboy, em 1953, logo na edição de estréia.
Aliás, o surgimento dessas revistas “masculinas” nos anos 1940 levam os parâmetros do que é e o que não é válido para mais além. Além de trazer logo na edição de estréia Marilyn Monroe, a Playboy tem outro grande troféu em seu histórico: a pioneira em exibir mulheres inteiramente nuas. Até então, o máximo que aparecia eram os seios, ainda com roupas cobrindo, efeitos de iluminação etc. Muito sem graça. Tais publicações, apesar das tentativas dos opositores, não sofreram grandes obstáculos. Muito pelo contrário. Imagine: eram voltadas para o público masculino adulto (embora os adolescentes também adorassem fazer longas análises em seu conteúdo...), não eram expostas em lugares públicos, só eram vistas por quem procurava (e olha que muita gente procurava). O resultado foi um fenômeno de vendas.
Duas outras célebres publicações mexeram com imaginação dos mais puritanos ativistas. A revista inglesa Penthouse e a sueca Private, ambas estreando em 1965. Elas chegam com um conteúdo completamente profano. Sexo explícito, órgãos genitais, zoom na penetração, enfim: era o sexo mostrado na sua forma mais clara – e em diversas variações. O sucesso da Private foi tanto, que chegou a incluir suas ações na bolsa de Nasdaq. Estava descoberto: o mercado da pornografia gerava lucros promissores.
Outro grande sucesso de pornografia foi o filme pornô, existente desde que o cinema é cinema. Nos anos 20, já existiam bordéis exibindo sexo explícito em grandes telas. Mas foi em 1972, com o lançamento de Garganta Profunda, que foi consolidado como forma de entretenimento. O filme foi gravado em seis dias, com a bagatela de US$ 24 mil. No enredo, uma mulher que não consegue atingir orgasmos descobre que seu clitóris, na verdade, fica no fundo da garganta. A partir disso, ela passa a procurar um homem com um instrumento comprido o bastante para saciá-la. O filme rendeu US$ 600 milhões no mundo inteiro, tornando-se o filme pornô de maior sucesso até hoje.
Mais tarde, a protagonista de Garganta Profunda, Linda Lovegrace, passou a ser ativista contra a indústria pornográfica, alegando que fora obrigada pelo marido a estrelar o filme e ganhara apenas US$ 1250, uma mixaria, comparado ao faturamento total.
Outro grande ícone do cinema pornô é a americana Silvia Saint. Silvia participa da chamada "Pornografia Clichê": filmes que não necessitam de enredo. A "história" contada se resume nos personagens se despindo, começam geralmente com sexo oral, passando pelo mais convencional, experimentando uma série de posições, com o clímax no sexo anal (em alguns casos, ainda acontece a dupla penetração), terminando com a ejaculação (em vários lugares imagináveis).
O vídeo cassete permitiu que as pessoas vissem o filme nas próprias casas, sem precisar freqüentar cinemas específicos. A discrição do invento era tanta, que o interessado só precisava ir à locadora mais próxima.
Com a Internet então, nem se fala. Se era constrangedor enfrentar o balconista da locadora ou o dono da banca de jornal, na tela do computador o único delito necessário é dizer que é maior de dezoito anos. Isso quando o site acessado pergunta.
Aliás, a Internet ainda tornou famoso outro segmento da pornografia: o "Amadorismo". Fotos e vídeos não profissionais infestam a rede. Sem contar os papparazzi, que de tempos em tempos descobrem alguma celebridade em situação comprometedora. Nessa leva entram Pamela Anderson, Colin Farrel, Daniella Cicarelli... Devido a enorme demanda, foi até criado um mega site similar ao you tube, mas com conteúdo pornográfico: trata-se do porno tube.
Os números são absurdos. Pode-se dizer que grande parte dos sites da Internet possui conteúdo pornográfico. A imensa maioria dos usuários, o que era de se imaginar, é composta por homens.
O fato é que essa gigantesca procura por pornografia nos revela a forma como o homem lida com o sexo. Seguimos uma série de preceitos morais que, segundo os mais críticos, afastam as pessoas de sua condição humana. Tudo é proibido. O prazer sexual, que foi condenado pela igreja por um longo tempo, ainda é visto como tabu, embora a visão preconceituosa venha se atenuando com o decorrer do tempo.
É necessário se perguntar exatamente o que os homens procuram quando pagam uma prostituta ou quando entram em contato com pornografia. O sexo é apenas uma resposta ao instinto humano, ou é o resultado de uma relação de amor e afeto entre duas pessoas? Porque se for realmente a segunda, estamos vivendo a quebra das relações humanas. A pornografia já foi apresentada. Essa questão, para ser respondida, só mesmo não fazendo parte da natureza humana.
Enquanto isso, continuamos com as análises.
Embora essa ligação pareça um pouco distante, prostituição e pornografia têm tudo a ver uma com a outra. Do grego, “porno” significa “prostituta”, ou seja, a pornografia tinha a função de representar o trabalho das “mulheres antiquadas”. Porém, não precisa ir muito longe para notar a imensa curiosidade que imagens desse tipo causam nas pessoas. De antropológico, o conteúdo pornográfico passou a ter o mesmo valor do Kama Sutra: um catálogo de orientação.
A filosofia e a literatura estão cheios disso: De Sade a Bruna Surfistinha, a descrição do sexo chegou a níveis que deixariam os mais adúlteros amantes criados por Nelson Rodrigues com as bochechas vermelhas de vergonha. Porém, a literatura só traz a imagem na cabeça do leitor. O que eu vou tratar agora é das representações mais explícitas. Dos livros, falamos outro dia.
Um dos grandes símbolos da etapa mais “casta” da pornografia é a personagem dos desenhos Betty Boop. Ela vem com uma intenção bem disfarçada, nem chega a ser pornográfica. Em plena estréia no cinema, no filme Dizzi Dishes de 1930, a personagem exala sensualidade em diversos aspectos, desde o modelo dos vestidos (e sapatos, e lingerie, e jóias...) que usa, até a maneira de falar. A pin up se tornou famosa e de quebra ainda introduziu uma forma apaziguada de encarar a sensualidade, afinal, aquilo tudo era apenas um desenho...
Porém, a morena fatal, mesmo sendo apenas um desenho, sofreu diversas perseguições por parte do Comitê Moralizador ( ! ) dos Estados Unidos. A vestimenta da jovem passou por grandes modificações. Grandes mesmo: o decote desapareceu, trocado por uma gola até o pescoço, a saia bem mais comprida, quando não era uma calça. Mesmo assim, a roupa colada no corpo continuava demarcando muito bem todas as suas curvas.
Já outro símbolo foi uma mulher de carne e osso mesmo. Marilyn Monroe, que atuou em diversos filmes em Hollywood entre 1947 e 1962, quando veio a falecer devido a uma suposta overdose. Ela era sempre a loira fatal que mexia com a cabeça dos homens. Porém, a sensualidade de Marylin era quase sempre usada de maneira um tanto subjetiva. Por exemplo: em O pecado mora ao lado, de 1955 (aquele filme com a cena mais famosa da atriz – o vento levantando a saia do vestido branco enquanto ela tenta não deixar tudo à mostra), a loira chega a parecer uma ninfeta pra lá de inocente. O “adultério” que ela causa não passa de mornos selinhos em um homem casado e cheio de neuras.
Mas isso, na época, já serviu para torná-la um grande símbolo sexual. E ainda com um grande currículo: Marilyn carrega o título de ser a primeira “coelhinha” da revista Playboy, em 1953, logo na edição de estréia.
Aliás, o surgimento dessas revistas “masculinas” nos anos 1940 levam os parâmetros do que é e o que não é válido para mais além. Além de trazer logo na edição de estréia Marilyn Monroe, a Playboy tem outro grande troféu em seu histórico: a pioneira em exibir mulheres inteiramente nuas. Até então, o máximo que aparecia eram os seios, ainda com roupas cobrindo, efeitos de iluminação etc. Muito sem graça. Tais publicações, apesar das tentativas dos opositores, não sofreram grandes obstáculos. Muito pelo contrário. Imagine: eram voltadas para o público masculino adulto (embora os adolescentes também adorassem fazer longas análises em seu conteúdo...), não eram expostas em lugares públicos, só eram vistas por quem procurava (e olha que muita gente procurava). O resultado foi um fenômeno de vendas.
Duas outras célebres publicações mexeram com imaginação dos mais puritanos ativistas. A revista inglesa Penthouse e a sueca Private, ambas estreando em 1965. Elas chegam com um conteúdo completamente profano. Sexo explícito, órgãos genitais, zoom na penetração, enfim: era o sexo mostrado na sua forma mais clara – e em diversas variações. O sucesso da Private foi tanto, que chegou a incluir suas ações na bolsa de Nasdaq. Estava descoberto: o mercado da pornografia gerava lucros promissores.
Outro grande sucesso de pornografia foi o filme pornô, existente desde que o cinema é cinema. Nos anos 20, já existiam bordéis exibindo sexo explícito em grandes telas. Mas foi em 1972, com o lançamento de Garganta Profunda, que foi consolidado como forma de entretenimento. O filme foi gravado em seis dias, com a bagatela de US$ 24 mil. No enredo, uma mulher que não consegue atingir orgasmos descobre que seu clitóris, na verdade, fica no fundo da garganta. A partir disso, ela passa a procurar um homem com um instrumento comprido o bastante para saciá-la. O filme rendeu US$ 600 milhões no mundo inteiro, tornando-se o filme pornô de maior sucesso até hoje.
Mais tarde, a protagonista de Garganta Profunda, Linda Lovegrace, passou a ser ativista contra a indústria pornográfica, alegando que fora obrigada pelo marido a estrelar o filme e ganhara apenas US$ 1250, uma mixaria, comparado ao faturamento total.
Outro grande ícone do cinema pornô é a americana Silvia Saint. Silvia participa da chamada "Pornografia Clichê": filmes que não necessitam de enredo. A "história" contada se resume nos personagens se despindo, começam geralmente com sexo oral, passando pelo mais convencional, experimentando uma série de posições, com o clímax no sexo anal (em alguns casos, ainda acontece a dupla penetração), terminando com a ejaculação (em vários lugares imagináveis).
O vídeo cassete permitiu que as pessoas vissem o filme nas próprias casas, sem precisar freqüentar cinemas específicos. A discrição do invento era tanta, que o interessado só precisava ir à locadora mais próxima.
Com a Internet então, nem se fala. Se era constrangedor enfrentar o balconista da locadora ou o dono da banca de jornal, na tela do computador o único delito necessário é dizer que é maior de dezoito anos. Isso quando o site acessado pergunta.
Aliás, a Internet ainda tornou famoso outro segmento da pornografia: o "Amadorismo". Fotos e vídeos não profissionais infestam a rede. Sem contar os papparazzi, que de tempos em tempos descobrem alguma celebridade em situação comprometedora. Nessa leva entram Pamela Anderson, Colin Farrel, Daniella Cicarelli... Devido a enorme demanda, foi até criado um mega site similar ao you tube, mas com conteúdo pornográfico: trata-se do porno tube.
Os números são absurdos. Pode-se dizer que grande parte dos sites da Internet possui conteúdo pornográfico. A imensa maioria dos usuários, o que era de se imaginar, é composta por homens.
O fato é que essa gigantesca procura por pornografia nos revela a forma como o homem lida com o sexo. Seguimos uma série de preceitos morais que, segundo os mais críticos, afastam as pessoas de sua condição humana. Tudo é proibido. O prazer sexual, que foi condenado pela igreja por um longo tempo, ainda é visto como tabu, embora a visão preconceituosa venha se atenuando com o decorrer do tempo.
É necessário se perguntar exatamente o que os homens procuram quando pagam uma prostituta ou quando entram em contato com pornografia. O sexo é apenas uma resposta ao instinto humano, ou é o resultado de uma relação de amor e afeto entre duas pessoas? Porque se for realmente a segunda, estamos vivendo a quebra das relações humanas. A pornografia já foi apresentada. Essa questão, para ser respondida, só mesmo não fazendo parte da natureza humana.
Enquanto isso, continuamos com as análises.
Comentários; <$BlogItemCommentCount$>:
Ow, eu sou mo fan da Silvia Saint, mew mas esse garganta profunda eu nunca vi. vcs sabem ond eu posso acha?
xô contar uma coisa?
Eu comentei teu texto!
o Texto tres, especificamente.
Ficou otimo!
mas beeeem diferente do que eu fiz sobre o mesmo assunto.
De qualquer forma, hoje ficou comprovado que vc nao manda bem apenas com a associação de cores e disseratações de efeito!
Parabens!!
Lindo!
Douglas,
Phodásse o blog de vocês. Parabéns!
Bj
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